A importância de Programas de Compliance na Gestão de Crises

Em tempos de crise há sempre um incremento nos riscos que toda empresa precisa lidar. Os desafios são inúmeros e apenas o planejamento, a aplicação eficaz de medidas resolutivas e a transparência são os fatores que farão a diferença na hora de tornar o seu negócio mais forte, competitivo e lucrativo.

O Compliance surge como um processo indispensável para que empresas, em tempos de crise, possam criar uma estrutura de normatização e fiscalização de fraudes de forma sistêmica, evitando riscos, aplicando a ética em toda a cadeia gerencial e operacional, otimizando recursos e evitando gastos desnecessários.

Por definição, conforme Ana Paula Candeloro, no livro Compliance 360º, trata-se de:

“[…] um conjunto de regras, padrões, procedimentos éticos e legais que, uma vez, definido e implantado, será a linha mestra que orientará o comportamento da instituição no mercado em que atua, bem como as atitudes de seus funcionários” (CANDELORO, 2012, p. 30).

Entendemos que quanto mais bem estruturado um projeto de compliance em uma organização, mais forte ela vai estar para lidar com o inesperado, como o que aconteceu em 2020, com o início da pandemia da COVID-19, ou em 2022, com a Guerra na Ucrânia, afetando fortemente toda economia global. Cada empresa precisa de uma sistematização de compliance orientada especificamente para a sua realidade, encontrando com especialistas o melhor modelo cabível, com stakeholders intimamente comprometidos com a orientação e a execução do modelo.

Apenas para citar alguns exemplos, conforme pesquisa da consultoria Contato Seguro, na atual crise sanitária em que as empresas precisam repensar os seus modelos de gestão, houve um aumento de 30% nas denúncias contra empresas, sendo que 50% dos processos estão relacionados com medidas de prevenção de segurança no combate à pandemia, além de questões trabalhistas e home office. Sem normas claras antes do advento de uma crise global como a COVID-19 e sem um programa de compliance robusto e eficiente, as empresas vêm enfrentando riscos financeiros, fraudes, ações ilegais e antiéticas e corrupção.

Um projeto de compliance bem planejado e aplicado em toda a organização com a participação de especialistas tem como objetivo a prevenção, a localização e a punição de ações que possam vir a causar diferentes tipos de ameaças para os negócios.

No chamado “novo normal”, nós não sabemos exatamente quais são os desafios sociais, econômicos, ambientais e culturais que vamos enfrentar. Cumprir obrigações legais, estar de acordo com as normatizações governamentais, localizar oportunidades de crescimento, monitorar processos operacionais e estratégicos que podem estar em risco, buscando a relevância competitiva da organização é essencial. Além dos riscos financeiros, há riscos que podem atingir a imagem da empresa, há os de natureza trabalhista, tributária, de responsabilidade social, de privacidade e segurança da informação, anticorrupção, etc.

Um programa de compliance hábil deve contemplar, além do citado comprometimento dos stakeholders, o mapeamento de riscos, a adoção de um código de conduta, o treinamento e a comunicação interna, os canais de denúncia, as investigações internas, as auditorias e o monitoramento continuado.

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