Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…
TUNNELLING
O que acham que é: Engarrafamento em inglês.
O que realmente é: Tunnelling é o termo usado por alguns cientistas da área comportamental para definir o estreitamento de atenção e cognição que sofremos quando estamos estressados ou sob pressão. O nome sugere que, nessas condições, reagimos como se estivéssemos limitados pela estrutura de um túnel. É chamado também de inattentional blindness (cegueira por desatenção).
Isso pode gerar, basicamente, duas respostas: hiperfoco para realizar uma determinada tarefa ou perda de foco, o que leva à produção apenas do que é imediato, deixando projetos importantes (e que podem levar a mudanças desejadas na vida pessoal ou na carreira) em um limbo eterno.
Segundo a neurocientista Thaís Gameiro, da Nêmesis (empresa que oferece assessoria e educação corporativa na área de Neurociência Organizacional), o Tunneling é causado por uma sobrecarga do córtex pré-frontal e dos sistemas sensoriais, que ao direcionar seus recursos para o processamento de um conjunto de informações, acaba não tendo disponibilidade para processar dados adicionais, que surgem ao mesmo tempo. “O Tunnelling é um processo natural do nosso processamento cerebral e todos nós, em alguma medida ou momento, sentimos seus efeitos. O importante é estarmos atento à frequência porque o excesso pode ser sinal estresse.”
De acordo com uma matéria da BBC inglesa, publicada no Brasil no início deste mês (link em no item “Para saber mais”), o ser humano, por natureza, gosta de se sentir ocupado e produtivo. Essa característica, combinada com a escassez de tempo e sensação de novidade, mostra como facilmente direcionamos nossa atenção para o que quer que apareça em nossa frente. Como e-mails, mensagens de WhatsApp e mídias sociais, por exemplo. Ainda segundo a reportagem, um estudo identificou que pessoas com grande aversão à inatividade prefiram dar choques elétricos em si mesmas do que ficar sem fazer nada.
Respostas química e física: Ocorrência de sobrecarga na cognição que nos leva a produzir hormônios e outros mediadores de resposta, como cortisol e adrenalina. Isso acontece para que nosso organismo reaja da melhor maneira possível ao estresse, o que é positivo em situações pontuais.
Quando essas químicas são produzidas de forma frequente, segundo Gameiro, causam desgaste ao organismo e desencadeiam uma série de alterações fisiológicas, favorecendo o surgimento de doenças. “Se considerarmos um quadro sustentado de sobrecarga cognitiva, podem ocorrer problemas como hipertensão, diabetes, obesidade, baixa imunidade para infecções, insônia, transtornos emocionais e de ansiedade, dentre outras doenças”, afirma a neurologista.
Como sair do túnel: O primeiro passo é a recomendação geral para uma vida equilibrada: praticar atividades físicas regularmente, ter uma alimentação saudável, dormir a quantidade de horas que seu corpo precisa para de fato descansar (o que varia de pessoa para pessoa). O cérebro precisa dessas ações básicas para se manter saudável e “obedecer” aos comandos dos próximos passos (a quaisquer comandos, na verdade).
Outra medida, é estabelecer horários para atividades que desfocam a atenção como a checagem de e-mails (mesmo os profissionais), notificações de apps e redes sociais. Esta regra deve ser aplicada tanto durante o expediente quanto nos momentos de lazer.
A matéria da BBC cita um estudo de 2015, que identificou que pessoas que checam e-mail apenas em horários determinados se sentem mais felizes e menos estressadas do que as que conferem as mensagens constantemente.
Gameiro diz que, no âmbito profissional, estruturar uma equipe diversa e colaborativa, para troca de percepções a respeito de um mesmo assunto, ajuda a evitar o estreitamento do foco. “Definir prazos e metas de trabalho viáveis e realistas também contribui para evitar pressão e foco excessivo, que podem comprometer a visão estratégica e a longo prazo para os negócios.”
Paradoxo focal: O excesso de foco, que é positivo para resolver questões específicas, é também o principal responsável por causar o Tunnelling, que desfoca nossa atenção.
A situação é, de certa forma, óbvia: quando estamos muito concentrados em resolver um problema ou detectar um determinado estímulo, direcionamos grande parte dos nossos recursos cognitivos e sensoriais para um alvo, negligenciando outros.
Se você está produzindo um projeto, escrevendo uma dissertação de mestrado ou uma tese de doutorado, por exemplo, essa fase é fundamental. Até certo ponto. “O efeito Tunneling ou inattentional blindness muito provavelmente vai fazer com que a pessoa não perceba detalhes perdidos ou informações erradas”, conta Gameiro.
A última leitura tem que ser, necessariamente, fora do túnel. Se der tempo de sair!
Para saber mais:
Leia, na BBC, How busyness leads to bad decisions (publicação original, em inglês) ou Como a falta de tempo pode levar a decisões erradas (versão brasileira).
Por Isabela Mena
Artigo maravilhoso, obrigado por postar, irei até retornar ao
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