Por Andre Staedele
Consultor, Gestor & Professor
1. Porque planejar estrategicamente é importante para as organizações?
O planejamento estratégico é importante porque ajuda a definir metas, identificar oportunidades e desafios, e direcionar os esforços da organização para alcançar resultados efetivos. Algumas vantagens de planejar estrategicamente são: melhorar a tomada de decisão, aumentar a eficiência e eficácia das ações, definir prioridades, minimizar riscos, identificar oportunidades, alinhar os esforços da organização e otimizar o uso dos recursos.
O Planejamento Estratégico começou a ser praticado nas empresas com maior ênfase a partir dos anos 1970. Na época, a abordagem estratégica predominante era a análise estratégica baseada na matriz SWOT (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças) e no planejamento formal e hierárquico. A sua aplicação veio evoluindo e hoje uma série de ferramentas são recomendadas.
2. O que é um planejamento estratégico tradicional?
Um planejamento estratégico tradicional é um processo formal que envolve a definição de objetivos, a análise de recursos e a criação de um plano de ação para alcançar metas de longo prazo em uma organização. Os principais passos de um Planejamento Estratégico são: 1. Definir a visão, missão e valores da organização. 2. Realizar uma análise do ambiente interno e externo. 3. Estabelecer objetivos estratégicos. 4. Desenvolver estratégias para alcançar esses objetivos. 5. Implementar as estratégias e monitorar seu progresso. 6. Realizar ajustes conforme necessário.
Atualmente as ferramentas utilizadas em um planejamento estratégico tradicional para a realizar a análise do ambiente, incluem Análise SWOT, Matriz BCG, 5 Forças de Porter, 7S da McKinsey e Análise PESTEL:
· Análise SWOT – É uma ferramenta de planejamento estratégico que envolve a identificação e avaliação interna das forças (strengths) e fraquezas (weaknesses), e a avaliação externa das oportunidades (opportunities) e ameaças (threats) de uma empresa ou projeto, com o objetivo de tomar decisões informadas e desenvolver estratégias eficazes.
· Matriz BCG (Boston Consulting Group) – Também conhecida como matriz de crescimento-participação, é uma ferramenta de análise estratégica que classifica os produtos ou serviços de uma empresa em quatro categorias: estrelas, vacas leiteiras, abacaxis e pontos de interrogação.
· 5 Forças de Porter – É um modelo de análise estratégica desenvolvido por Michael Porter que busca identificar as forças competitivas que afetam uma indústria ou mercado específico, incluindo a ameaça de novos entrantes, o poder de negociação dos fornecedores e dos clientes, a ameaça de produtos substitutos e a intensidade da rivalidade entre os concorrentes.
· 7S da McKinsey – É uma estrutura de análise que enfoca sete elementos-chave para a eficácia organizacional: estratégia, estrutura, sistemas, habilidades, estilo, compartilhamento de valores e staff (pessoal). Ele destaca a importância de alinhar esses elementos para alcançar os objetivos da organização.
· Análise PESTEL (Político, Econômico, Social, Tecnológico, Ambiental e Legal) – É uma ferramenta de análise estratégica que considera os fatores políticos, econômicos, sociais, tecnológicos, ambientais e legais que podem afetar uma organização ou mercado. Ela ajuda a identificar tendências e influências externas que podem impactar o desempenho e as decisões estratégicas de uma empresa.
Na fase de criação, o tempo necessário para um planejamento estratégico tradicional completo, dependendo do tamanho e complexidade da organização, pode levar de algumas semanas até meses para ser concluído. Então este formato funciona bem em companhias de grande porte, com negócio bem consolidados, mas apresenta restrições em negócios em criação (Startups), desenvolvimento ou ainda para tratar negócios que exijam agilidade.
3. O que é um planejamento estratégico ágil?
Um planejamento estratégico ágil é um processo adaptativo e flexível que permite que as organizações respondam rapidamente às mudanças do mercado e do ambiente, focando na entrega de valor contínuo em vez de seguir um plano rígido e predeterminado. Os planejamentos estratégicos ágeis são recomendados em situações em que a empresa precisa lidar com um ambiente de negócios incerto e volátil, onde as mudanças ocorrem rapidamente e é necessário adaptar-se constantemente para manter-se competitivo. Também é recomendado quando há necessidade de entrega rápida de valor ao cliente.
As etapas de um planejamento estratégico ágil podem variar, mas geralmente envolvem: definição de metas e objetivos claros, análise do ambiente e do mercado, identificação de oportunidades e desafios, criação de um plano de ação flexível, implementação iterativa, revisão contínua e adaptação conforme necessário.
Algumas ferramentas comumente utilizadas em um planejamento estratégico ágil incluem o Business Model Canvas (BMC), Objectives and Key Results (OKRs), o Kanban e o Scrum.
· BMC – O business model canvas pode ser utilizado no planejamento estratégico para analisar e visualizar todos os aspectos-chave de um modelo de negócio, incluindo proposta de valor, segmentos de clientes, canais de distribuição, fontes de receita, recursos-chave e parcerias. Ele ajuda a identificar oportunidades de inovação, entender a lógica do modelo de negócio e alinhar as estratégias com a execução.
· OKRs – Objectives and key results são uma metodologia de definição de metas e resultados-chave que ajudam as organizações a estabelecer objetivos claros e mensuráveis, alinhando as equipes em direção a um propósito comum e permitindo uma maior transparência e foco na obtenção de resultados.
· Kanban – No contexto do planejamento estratégico, o Kanban pode ser usado para visualizar e gerenciar as etapas do processo estratégico, desde a definição de objetivos até a implementação das ações. Criar colunas representando as etapas e mover os cartões (tarefas) de uma coluna para outra à medida que progridem, proporciona transparência, colaboração e facilita o acompanhamento do progresso.
· Scrum – No planejamento estratégico, o Scrum pode ser aplicado por meio de iterações curtas e focadas, chamadas de Sprints, para desenvolver e implementar ações estratégicas. As equipes podem definir objetivos para cada sprint, priorizar as tarefas em um backlog e realizar reuniões diárias de acompanhamento do progresso. O scrum facilita a adaptação rápida e a colaboração entre os membros da equipe durante o processo estratégico.
Na fase de criação do planejamento estratégico ágil, o tempo necessário pode levar alguns dias para ser concluído. Então este formato funciona bem em startups, empresas que estão escalando e até para o desenvolvimento de novos produtos ou serviços.
4. Que conclusões podem ser tiradas das abordagens de planejamento estratégico ágil e tradicional?
Tanto os planejamentos estratégicos tradicionais quanto os ágeis têm como objetivo definir metas e ações para alcançar resultados desejados. No entanto, uma diferença é que o planejamento estratégico tradicional geralmente segue um processo linear e detalhado, enquanto o planejamento estratégico ágil é mais flexível, adaptativo e orientado para a experimentação contínua e aprendizado rápido.
Um planejamento estratégico ágil é mais adequado em situações em que a empresa precisa responder rapidamente às mudanças do mercado, lidar com um ambiente incerto e volátil, promover a colaboração e a inovação, e focar na entrega contínua de valor ao cliente. Também é benéfico quando há necessidade de flexibilidade e adaptação constante nas estratégias.
O planejamento estratégico tradicional é mais estruturado, porém pode ser mais lento e inflexível. Já o planejamento ágil é mais flexível e adaptável, mas pode exigir uma maior capacidade de resposta e organização.
É importante que o conselheiro empresarial tenha conhecimento sobre análise de mercado, definição de metas e objetivos, gestão de riscos, avaliação de desempenho e monitoramento contínuo do plano estratégico. Além disto, um conselheiro empresarial também precisa entender sobre as diferenças entre os planejamentos estratégicos tradicionais e ágeis, bem como suas vantagens e desvantagens. Isso permitirá que ele oriente as empresas na escolha do método mais adequado às suas necessidades e objetivos.
Quando a organização está iniciando o planejamento estratégico na sua jornada de governança, é recomendável a contratação de consultores e conselheiros que tenham expertise no assunto, para orientar as partes interessadas na implantação das boas práticas e na sua sustentação.